Bom,
iniciamos nossa Jornada, com a missa de envio e o Meeting (encontro
internacional dos jovens da MI) no domingo (21/07). Após a missa, nos
alojamos no Cenforpe, junto com nossos novos amigos argentinos, bolivianos,
italianos, um venezuelano e uma luxemburguense. Lá vivemos momentos de muito
alegria, pois realizamos uma noite cultural, em que lhes apresentamos um pouco
da cultura brasileira através de danças, músicas, teatro, capoeira...enfim,
apresentamos a nossa diversidade e para nossa surpresa, os bolivianos também
quiserem partilhar suas raízes através de danças típicas. Durante os três dias
que lá permanecemos, partilhamos nossa espiritualidade e fé, através de muitas
reflexões. Visitamos a MI, o Centro Social São Maximiliano (pós-balsa), o
centro de São Paulo e partimos na quarta-feira de madrugada para a cidade de Aparecida. Lá pudemos ver pela primeira vez, mesmo que muito ao longe, nosso
querido Papa Francisco.
Em sua homília, ele nos disse três palavras muito importantes, que mais tarde
vieram a nos servir muito bem: conservar a esperança,
deixar-se surpreender por Deus e
viver na alegria!
Seguimos para o Rio de Janeiro, com o coração cheio de alegria e expectativas,
pois não sabíamos o que nos esperava lá, mas estávamos confiantes na
Providência Divina. Assim, quando chegamos tudo foi muito difícil, pois não
tínhamos um lugar certo para ficar, trocamos três vezes de alojamento e ainda
tinha aquela chuva incessante. Nos hospedamos numa escola, que não havia água
quente e só podíamos tomar banho entre 6h e 8h, ou após às 22h. Mas como o Papa
nos disse, deixem-se surpreender por Deus e Ele não nos desamparou, uma irmã de
um convento próximo, nos permitiu tomar banhos quentes nos outros dias pela
manhã. E para alguns Deus fez ainda mais! Os rapazes que foram buscar nossos
kits do outro lado da cidade, após quase 5 horas de espera, tiveram a
oportunidade de cruzarem com o Papa Francisco, que ao passar por eles na fila,
abriu a janela e acenou com aquele sorriso. Na quinta-feira participamos de
missa e catequese, mas não participamos da missa de acolhida, pois nos perdemos
pelo Rio e não conseguimos chegar nem na Expocatólica, nem na acolhida do Papa,
mas paramos pelo caminho e assistimos pela TV :D
Na sexta-feira fomos à Expocatólica e Deus nos surpreendeu novamente! Ao ver
nossas camisetas, um argentino nos perguntou de onde éramos e ao explicar que
fazíamos parte da Milícia da Imaculada, ele nos disse que ele e seus amigos
haviam apresentado uma peça de São Maximiliano Kolbe e ficou muito feliz em nos
conhecer, nos contou sobre o projeto que eles têm na Argentina e inclusive a
Missionária Josimara já havia assistido essa peça, no período que esteve na
Argentina. Mais tarde, eles nos encontram no estande da MI e até gravaram no
estúdio da RIC. Nossa alegria foi tão grande ao conseguirmos chegar naquele
lugar tão lindo! Lá encontramos a Missionária Marisa, a Angélica, a Luciana, o
Nelson, a Antonielly, o Thiago e a Daiane. E até mesmo o Frei Paulo, da MI de
Brasília.
Fomos muito bem acolhidos por todos, participamos do Flash Mob, gravamos para a
Tv e permanecemos lá pela manhã, a tarde fomos à Praia de Copacabana para a Via
Sacra.
Na sua reflexão, novamente o Papa Francisco nos chamou a atenção para três
pontos importantes: O que vocês terão deixado na cruz nestes dois anos em que
ela atravessou esse imenso país? E o que terá deixado a cruz de Jesus em cada
um de vocês? E o que esta cruz ensina para a nossa vida?
Lembrei-me daquele dia de graça, em que a cruz esteve aqui na MI e convido você
a também refletir sobre essas três perguntas.
No sábado passamos por grandes dificuldades, pois percorremos 5 km para
buscarmos nossos kits de alimentos para nosso almoço, janta do dia e café da
manhã e almoço do dia seguinte. Ao chegarmos no Museu de Arte Moderna do Rio,
notamos que a fila era muito grande e ali vivi um dos momentos mais lindos
dessa jornada. Como os kits eram muito grandes e pesados, os rapazes se
voluntariaram para ficar na fila, enquanto os outros (quase 100) seguiriam a
procissão para a praia de Copacabana. Quando disse aos outros jovens que não
sabíamos quanto tempo estes jovens ficariam na fila e se alguém poderia
colaborar com algum dos alimentos ganhados no kit do café da manhã, TODOS os
demais jovens tiraram seus alimentos e se juntaram duas sacolas com sucos,
bolachas e polenguinhos.
Talvez alguns não percebam, mas este gesto de partilha foi uma das coisas mais
belas que levarei em meu coração. Mesmo sabendo que enfrentaríamos mais 5 km de
caminhada, mesmo não sabendo qual seria a nossa próxima refeição, todos se
despojaram do que tinham para ceder alimento ao próximo! Durante nossa nada
fácil caminhada, levamos nossas mochilas e dos nossos amigos que ficaram na
fila, então além do peso dobrado e do cansaço, participamos de outro momento
inesquecível: ver jovens de tantos lugares do mundo, entoando uma mesma canção,
numa só voz! Jovens que vieram da China, Israel, Uruguai, Japão, Argentina,
Irlanda, Polônia, Estados Unidos, Itália, Dubai entre tantos outros que eu
mesma não soube identificar as bandeiras, todos cantando e louvando ao Senhor!
Ao passar pelos túneis da cidade, seguia ainda mais forte o som da alegria e do
amor.
Ao chegarmos em Copacabana, uma parte do grupo se perdeu dos demais e junto aos
perdidos ficaram alguns jovens, os italianos, um boliviano e eu. Ali percebi a
importância da união do grupo, percebi que a linguagem do amor não tem
fronteiras, que mesmo com idiomas diferentes, todos estávamos preocupados em
cuidar uns dos outros, em manter todos seguros. Chegamos por volta das 17h e
ali partilhamos nossa segunda refeição no dia que foi pão com mortadela e água
que compramos numa padaria próxima e vocês podem achar um pouco estranho, mas
foi uma das melhores refeições que fizemos, porque daquele momento a amizade e
o afeto cresceu! Ali criamos laços indestrutíveis...foi um momento tão marcante
para nós que até mesmo ao final de tudo, quando os italianos foram dar seus
testemunhos antes de partirem, todos citaram esse momento como algo especial e
inesquecível!
Durante a missa, também houve um dos momentos que me arrepiaram até hoje só de
lembrar, um grupo de protestantes começaram a gritar coisas contra a Igreja e
nos xingar, querendo arranjar briga com os peregrinos, e naquele momento eu
pensei: E agora? Será que terá alguém que irá reagir a provocação?
Mas a reação daqueles jovens peregrinos não poderia ser melhor, começou com um,
depois dois, três e daqui a pouco estávamos todos nós, de diversas línguas
entoando uma única oração: Ave Maria...e essa oração se fez tão forte contra o
mal, que ao perceberem que suas vozes se calaram por causa da multidão que
agora rezava, os manifestantes foram embora e sumiram em alguma rua.
Durante a Vigília, o Papa nos disse que nosso coração jovem tem o desejo de
construir um mundo melhor e novamente nos fez mais perguntas: Por onde começar?
Quais os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? E por fim,
disse que ao perguntarem para a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na
Igreja e ela respondeu: você e eu!
Assim, convido você a novamente refletir sobre o seu papel na construção do
Reino de Deus aqui na terra.
Após a Vigília nos encontramos com nossos amigos e dormimos todos juntos na
calçada da praia. Estava muito muito muito frio, mas o calor do amor de todos
nos ajudou a manter o coração e o corpo aquecido. Vi ali outro momento que
enche nossos corações de esperança e alegria, alguns não levaram cobertas, ou
mais blusas, até mesmo saco de dormir e conforme cada um podia, emprestava para
um a blusa, dividiam um espacinho no chão, o colchonete..enfim, cada um tirou
um pouco do que tinha, para ajudar o próximo!
E na manhã de domingo, o grande momento: A missa de envio! Tivemos a graça de
ver de perto o Papa passando e durante a missa ele nos disse algo que ficará
gravado em nossos corações: Ide, sem
medo, para servir!
Enquanto ele nos dizia essas palavras, meu coração se alegrava e eu pensava
comigo mesma que nossa missão estava apenas começando! Eu tenho que a partir de
hoje testemunhar a minha fé, com alegria levar esperança a outros corações...é
isso que Jesus espera de mim! E ao final da homilia o Papa nos disse: Jesus
Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! E o Papa conta com vocês!
Imaginem a explosão de alegria que se tornou Copacabana. Músicas, sorrisos, abraços...felicidade
sem fim!
No dia seguinte retornamos para casa já com o coração cheio de saudades, mesmo
em meio a tantas dificuldades, tantas coisas que aconteceram, a alegria de
encontrar esse Cristo vivo no sorriso, nos olhos do meu irmão fez tudo valer a
pena. Agora estamos renovados, enraizados na fé e prontos para irmos e fazer
discípulos entre todas as nações.
Ana Claudia Sousa