Chegamos em uma época do ano em
que já tradicionalmente desejamos parar e pensamos, quase que em um
inconsciente coletivo, em recomeço. Um período onde, para a maioria das
pessoas, a sensação que se tem é de esgotamento, exaustão. Nos parece que
corremos mais do que poderíamos, realizamos mais do que nossa capacidade e
mesmo assim sentimos que muito há que ser feito, temos a impressão de que pouco
conseguimos fazer. Época de fim de ano é assim, por isso mesmo aguardamos pelo
que há de vir, por aquilo que de novo surgirá, como que em um pensamento
positivo de que tudo mudará quando o tempo cronológico determinar o início de
um novo ano.
Mas as coisas mudam ou simplesmente se repetem? As pessoas mudam
ao atingirem algumas de suas metas? Há um caminho para a mudança e para se
chegar ao final de mais um período sem a sensação de exaustão?
Hoje buscarei possíveis respostas
a partir de dois grandes nomes da Filosofia, Sócrates e Platão, o primeiro
mestre do segundo que por sua vez dá voz ao precursor em suas obras. Para
Platão a mudança é possível e depende de um elemento que muito se fala, pouco
se entende, muito se planeja, pouco se aplica, muito se sonha, pouco se realiza
– a educação. O que leva um homem a modificar seu caminho, seu agir, seu pensar
é a educação, e quanto mais cedo o homem começar a ser educado, mais chances
tem de escolher o correto e tornar-se virtuoso. Já para Sócrates a chave está
em conhecer-se, descobrir aquilo que está dentro de nós e fazer emergir. O
homem sabe o que decidir, mas age por impulso, optando pelo que não é bom não
por fraqueza, mas por falta de conhecimento. Cabe ao filosofo então fazer
emergir o conhecimento que já está no sujeito para que ele o descubra e possa
tomar suas decisões a partir dele.
Dois autores e agora uma dúvida,
o que tem a ver Sócrates e Platão com o final de ano e os desejos de
dias
melhores? Com a esperança do que há de vir, típico do período natalino? Ambos
apresentam possíveis caminhos para se chegar ao objetivo, busque conhecer,
busque educar-se e descobrir novas formas. Se organize, saiba seus limites e
potencialidades. Planeje o novo e conduza o reinicio cronológico com vistas à
mudança. Final de ano é tempo de recolher tudo o que se fez, deixar de lado o
que percebe-se que não fora bom e ficar com tudo o que de bom pudemos fazer e
buscar melhorar a partir da educação e do conhecimento. Desafia a todos nós o
novo que está para iniciar e que tal buscar nos velhos Sócrates e Platão a
motivação para iniciar algo de novo? Um curso, uma formação, uma pós, uma
especialização? Manter a cabeça ocupada é fundamental para a mudança que
queremos e o reinicio que há de vir.
![]() |
Platão e Sócrates |
Desejo a todos os leitores que
neste natal se possa reencontrar o sentido e a motivação para o reinicio e que
a filosofia possa ser uma motivação para o advento do novo ano.
Que o reinicio
possa trazer à todos bons frutos e novas conquistas.
Altemir Schwarz
Educador - Filosofia e Ensino Religioso