Pergunta-resposta: O segredo da vida

Neste final de semana recebi como presente o livro de um amigo, uma figura que foi muito importante em um momento de minha vida e que, pelas contingencias da mesma, há tempos não encontrava e, pelo caminho não ter dono e nem exatidão nos passos, reencontrei com grande surpresa e alegria e pude conhecer o fruto de seu trabalho e dedicação pelas pessoas, para as pessoas e com as pessoas.

Ao abrir o livro me deparo com a frase de Luís Fernando Veríssimo “Quando achamos que temos
todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”, como sou fascinado pelos processos de crise e de busca, várias vezes durante o dia me surpreendi pensando nessa frase e em suas implicações. O poeta tem uma capacidade incrível de nos desinstalar. Observei uma pessoa, em torno de 40 anos de idade, que abriu o livro, leu a frase supracitada e fechou o livro afirmando “não quero ler este livro”. Ai parei um instante para pensar – o que leva o homem a mover-se, ou ainda, o que leva o homem a não querer mover-se? Qual o sentido do existir humano? Tem sentido o existir humano?

As questões existenciais motivam o agir humano desde os primórdios, estão na gênese da mitologia, das religiões, da filosofia e de todas as ciências humanas. Levam o homem a pensar sobre si e sobre seu existir, mais ainda sobre o sentido do seu existir. Não há ser humano que não se pergunte durante a vida: de onde veio, quem é e para onde vai. Um dia ou outro essas perguntas nos atropelam na estrada da vida e nos convidam à responde-las sob pena de não conseguir mais mover-se nessa difícil e gratificante estrada do viver.

É preciso ter uma meta, um objetivo, um sentido para viver.
Lembro aqui do filósofo alemão Friedrich Nietzsche que afirma que “aquele que tem um porque para viver, pode enfrentar quase todos os COMOS”, mas para se ter um porque é necessário se ter uma meta, um objetivo, um sentido para viver a vida. Aquele que não encontrou ainda a motivação para viver, não vai conseguir andar, pois sua própria existência se torna pesada e cansativa. Vai colhendo o peso do isolamento e da solidão, acreditando que ninguém é digno de conviver com ele. Não conseguirá deixar os erros cometidos por si e por outros para trás, viverá sem objetivos próprios, será preso a um passado, com extremas dificuldades de viver um presente e construir um futuro. Os COMOS que a vida exige se tornarão fardos extremamente insuportáveis, o perdão não acontecerá e a existência será um eterno fardo à si e à outros. Uma vida sem objetivos, de curto, médio e longo prazo é uma vida sem graça. Mais ainda, uma vida fundamentada em problemas passados torna-se uma total desgraça. Este que assim decidiu viver quer ser forte para enfrentar a vida, mas está de costas para o futuro e para o presente, encara somente aquilo que já foi, não vê sentido nos COMOS e engana-se pensando serem os outros os responsáveis pela sua falta de sentido, quando não muda seu rumo e direção, com vistas aos porquês.


A vida é uma caixa de surpresas e muda as perguntas sempre que achamos ter as respostas. Como então encarar a vida com sentido, dando-lhe sentido, em todos os momentos? Willian Shakespeare me parece poder ajudar a encontrar uma possível resposta quando afirma que “Um dia você aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que quantos aniversários você celebrou”. De nada adianta somar anos na vida se não se aprende a viver em plenitude a experiência do existir que se constrói. O caminho possível para uma vida com sentido é permitir que a vida mude as perguntas sempre que julgar necessário e nós nos desafiarmos a buscar novas respostas para as novas perguntas. Nem sempre respostas velhas podem ser ajustadas a perguntas novas. Viver com sentido é encarar os COMOS, buscando novas respostas e aprendendo com aquilo de bom e menos bom. Viver com sentido é viver a eterna busca de dar sentido ao próprio existir, dando passos com vistas ao infinito do futuro construído no presente, sem andar voltado para o passado. Superando e amadurecendo com as perguntas surpresas que a existência sempre fará. Meu obrigado a todos os que ajudam a vida a mudar as perguntas, minha admiração a todos os que se permitem buscar novas respostas.

Altemir Schwarz
Educador - Filosofia e Ensino Religioso
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